[Rank C] Ave do paraíso, Ashes *Lithium*

[1 — Morada]

O primeiro feixe invadiu meu quarto, como se o próprio sol estivesse me alertando de algo. A sonolência me impediu de abrir os olhos nos próximos vinte e sete segundos, porém com esforço fui me adequando. Meu corpo parecia estar blindado com pedras, minha vontade, com aço. Levantar da cama foi uma tarefa difícil naquela manhã. Esfreguei meus olhos por alguns minutos até que voltei com a visão turva, embaçada de tanto atiça-los. Caminhei pela casa mesmo desprovido de nitidez e me encaminhei até o banheiro, onde fiz as necessidades higiênicas precisas para que pudesse sair de casa. Foram trinta minutos - meia hora - até terminar tudo. Amarrei meu cabelo para não sentir tanto calor, afinal, meu quarto já estava fazendo o papel de uma sauna. Minhas vestes eram simples e básicas; um kimono negro de tecido a seda e um sobre tudo branco, com um simbolo ilustrativo do país do fogo na parte de trás. O kimono foi um presente de despedida da minha mãe, quando parti para a folha, enquanto o sobre tudo, posso dizer que é uma herança do meu falecido avô.

Arrumei a cama, abri a janela e fui até a cozinha para tomar café. Tudo havia sido feito e nada me prendia naquele lugar, foi quando saí, abri a porta e dei partida.


[2 — Passado]

Enquanto caminhei pelas ruas da vila, pude notar o quão grande era o lugar, comparado de onde eu vim era como se fosse um mundo novo. Meu vilarejo era apenas uma folha da árvore, uma gota do mar. Foi na esquina seguinte onde encontrei um folheto, lutando para se manter preso na parede madeira. Seus suportes haviam sido descolados e a única ponta segura era a inferior esquerda, que o impedia de ser levado pelo vento. Puxei rapidamente, com o intuito de averiguar o conteúdo. Passei meus olhos rapidamente sobre o papel, analisei a situação, cujo ela se tratava de um trabalho; uma missão. As ordens eram vagas, algo suspeito, mas era a oportunidade que tinha de fazer algo pela folha, foi então que me movi.


600;
500;

Armas;

Ashes - Ave do Paraíso

De um canto para o outro, um guarda se movia nos portões da Folha. Inquieto, já era hora de enviar alguém para essa missão. Dentro das ondas de calor que surgiam no solo, o borrão de um jovem ia surgindo e, felizmente, salvaria o dia do guarda. Os olhos enchiam de lágrimas, iria terminar o dia comendo um bom lamen.

Caminhava até o jovem, notando do que se tratava, entregou um pequeno pergaminho surrado com um mapa feito pelo próprio guarda. Formado por rabiscos, se bem lido indicava a localização do ninho. Ao sul de Konoha, após a ponte de corda, na árvore mais alta da floresta mais densa, lá estava o ninho.

Objetivo:

● ● ● ●

[1 — Mapa]

Queria eu saber tamanha empolgação que fizera o homem lacrimejar, no entanto só pude doar os ombros para apoio —— Está tudo bem, senhor. Se acalma —— Confortei com palavras sutis, tranquilizando a euforia da recepção. Em sua mão direita estava um mapa de notória percepção, pois não havia amarras ou marcas que o qualificassem como uma missão, nem detalhes que o transformassem em um pergaminho. Apoiei meu braço no ombro do senhor —— Um ninho? —— Questionei. O desgaste daquele senhor era grande, era expressado por suas vestes sujas, manchas de suor e um corpo pesado, fraco por resistência que mal podia se sustentar. Aos poucos o deixei partir, mantendo meus olhos em seus passos até que sua deixa se esvaísse no horizonte. Mesmo sendo um desconhecido, considerava todos aqueles ao meu redor como irmãos, como filhos, assim como meu avô fazia. Finalmente decidi desenrolar o mapa, feito por papiro, um dos materiais mais antigos da aldeia, talvez, do mundo. O material mostrava a humildade do senhor, além disso, seus traços eram radicais demais para alguém com muito conhecido —— Você se esforçou, não é mesmo? —— Dessa vez a questão ecoou em minha própria mente, enquanto por fora um sorriso estampava um rosto de imberbe.

Com respeito pelo trabalho do senhor, que outrora tanto cooperou para o objetivo, decidi guardar o mapa mesmo sabendo a localização de cor. Os passos seguiam rumo ao caminho traçado pela tinta negra do mapa, o sul, era lá onde minha presença ilustre iria se pôr; como o sol.


[2 — Ponte]

Emergi ao horizonte do sul, como o sol fazia ao leste naquela manhã, todavia tinha tomado uma posição diferente, não opoente. Dentre os próximos cinco minutos pude ver a ponte. Em aparência estava normal, não havia sinais de maus tratos, apenas danos aplicados pela natureza em chuvas e sua própria velhice. O vento estava um pouco forte, nitidamente destacado pelo atual ponto onde estava. A brisa passava carregando meu cabelo, que mesmo amarrado, era grande o suficiente para se levado no dedilhar de seu movimento. Enquanto observava a localização, por diversas vezes, fixava meu foco na aparência senil da ponte.


600;
500;

Armas;

[1 — Questão]

Os olhos se fecharam para evitar o contato direto com a luz, aos poucos se abriram, cobertos pela sombra que meu pulso fazia quando pousei meu anti-braço entre os olhos e a testa. A luminosidade foi reduzida ao ponto de não ser mais incomoda. Na paragem que antes estava a luz, residiu a presença de um homem. De aparência senil e voz rouca, assemelhando à um sábio. A pergunta foi simples demais, tal qual sua resposta veio durante as palavras proferidas pelo pseudo espirito —— A lágrima —— Concluí —— Nossas lágrimas são claras pois é a cor natural dos líquidos do nosso corpo, como também o suor é. Os diversos sais do nosso corpo fazem com que as lágrimas tenham esse sabor, por isso é salgada —— Mergulhei ambas as mãos por dentro das mangas do sobre tudo —— O peso dos sentimentos é infinito, simplesmente indescritível. Dizer que pesam uma tonelada é algo rude, mas afirmar estar errado é hipocrisia, ainda vindo de alguém com fardos pesados como eu —— Os olhos se fecharam ao fim daquelas palavras —— É uma filosofia questionável e admirável, mesmo que seja para responder uma única questão, não concorda, meu senhor? —— Já abertos, os olhos estavam serenos e calmos, suaves como uma rio fluindo.


[2 — Conclusão]

O vento interrompeu o clima estranho que havia ali. A postura ainda se mantinha como de costume. Naquele momento decidi soltar meu cabelo, o enorme cabelo. Jogados ao ventos, abertos como um leque, a onda de fios brancos pairou pelo ar enquanto aguardava o veredito daquele recém surgido —— Desculpe a explicação tão específica, senhor. Há algo em que eu posso ser útil? —— Servi.


600;
500;

Armas;

Ashes - Ave do Paraíso

O sábio, apesar de ser apenas um meio de proteção, entregava um sorriso para o outro. Feliz com a resposta, curvou-se abrindo caminho. Seus lábios não se mexiam nem uma única vez após a resposta, quando o Chunin seguisse seu caminho, o homem desapareceria mantendo o kanji no final da ponte de cordas.

O sol que atingia a trilha já não existia no outro lado da ponte. A pouca iluminação da floresta era graças a alguns pontinhos verdes espalhados pela mata. Se bem observado, os vaga-lumes estavam sempre uns na frente dos outros e nunca lado a lado.

Objetivo:

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[1 — Prosseguindo]

O sorriso daquele indivíduo passou paz. Quisera eu compreender o quão solitário é ser um guardião de ponte, sem poder ver amigos ou familiares. A minha presença era a única dentre vários anos, pelo menos foi o que aparentou. O homem se curvou à mim, embora não gostasse da ideia de saber que alguém havia se ajoelhado, então fiz o mesmo —— Obrigado! —— Toquei a testa ao chão, curvando-me ainda mais do que o próprio senhor —— Agradeço pela conversa mesmo que curta e passageira, ainda mais sou grato pela oportunidade e confiança que me deu ou ceder passagem —— Fintei o homem naquele momento, com um sorriso no rosto e me levantei aos poucos. Bati as mãos sobre as vestes para eliminar poeira, limpar qualquer sujeira que houvesse danificado a cor límpida do sobretudo branco. Olhos fixados no objetivo futuro, sem olhar para os lados ou para trás, foi dessa maneira que o rumo foi tomado. Ao pisar na primeira tábua de madeira que compunha a ponte —— Até a próxima, senhor! Prometo que em outra oportunidade farei uma visita! —— A mão direita erguia dava o sinal de despedida, companhado por uma promessa forte de alguém com uma caráter inquestionável.


[2 — Trilha]

Não tão escuro quanto a noite, embora ainda assim fosse ruim para enxergar, o outro lado da ponte podia ser problemático. Algumas esferas miúdas e iluminadas podiam ser vistas —— Vaga-lumes? —— Questionei, enquanto uma dessas criaturinha pousava em meu dedo indicador. Olhando para frente havia algo peculiar. Os insetos pirilampos estavam criando uma espécie de rastro, como um sinal para serem seguidos. Isso no mundo animal representa muita coisa, desde rastro de caçada à alimentação, mas estava claro que a única maneira de identificar qual seria a situação, era acompanhando-os. Os passos eram tão calmos quanto antes, para que a escuridão não se tornasse mais um problema.


600;
500;

Armas;

Ashes - Ave do Paraíso

A trilha dos insetos foi completada com a trilha sonora da própria floresta. O som dos morcegos, ratos, cobras e até o distante uivo dos lobos, todos sincronizados e em harmonia com a poderosa mãe natureza. Conforme avançava, os vaga-lumes deixados para trás sumiam, e o brilho dos próximos apenas aumentava.

A recompensa por atravessar a escuridão era magnifica. Uma árvore, tão antiga quanto a própria Aldeia da Folha, as raízes cresciam pela superfície e se arrastavam por toda a floresta. O local transmitia paz, preenchido por vaga-lumes e plantas que emitiam uma luz natural. No topo, era possível notar os pequenos feixes de luz solar, ali, estava o ninho da Ave do Paraíso.

Objetivo:

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[1 — Natureza]

A luz no fim do túnel, sim, era a única coisa que poderia ser vista além dos vaga-lumes que guiavam-me. Fui devorado pela claridade e pego de surpresa pelas coisas que estavam diante de mim. Apesar de fechado, o lugar era um ambiente abraçado pela natureza, parecia até outro mundo de tantas espécies que pude ver. O uivo do lobo cinzento era indescritível, lembro-me da primeira vez que o ouvi quando era criança. Nas árvores havia uma revoada de condores arco-íris, todos de cores diferentes e que juntos tingiam o céu. A madeira da árvore que pisava para caminhar era firme, mostrava que tudo contido nessa região - diante dos olhos - era o suficiente para saciar a nutrição de um bioma saudável. A biodiversidade era fascinante.


[2 — Ninho]

Uma luz pôde atingir meus olhos, incomodando-me, conjurando minha atenção que agora era voltada ao seu topo. Os imensos galhos e folhas impediam a passagem fácil de claridade, exceto naquele ponto; em seu topo. Todavia iria averiguar, me conduzi em passos lentos e calmos até o corpo da árvore interligado ao topo seleto. A planta dos pés grudavam na superfície amadeirada como cola, permitindo rumar até o ponto mais alto —— Acho que estou próximo —— Terminei deixando que meus pensamentos fossem altos, elevando a voz acima do silêncio resiliente.


600;
500;

Armas;
Técnica;