Citação :

Escolta: Coleção de Borboletas
Rank: C
Objetivo: Proteger a carga de borboletas.
Descrição: Parece ridículo, mas como é o cliente que manda, ele quer o transporte de sua coleção de borboletas de todo o mundo, para sua vila natal, aqui mesmo no nosso país, por ser uma coleção com exemplares raros, pode existir a possibilidade de saqueadores tentarem roubar a carga, então mais uma vez, impeça que isso aconteça! Mas cuidado, as borboletas estão em frágeis caixas de vidro!

• Narre como tomou ciência da missão e até o encontro com o cliente.

Um senhor trajando incomuns de artistas marciais se postava diante do genin. Um par de óculos escuros ocultava seu olhar, tornava sua expressão misteriosa. A coluna um pouco arqueada quiçá pela idade, a careca brilhante e uma barba albina: eis o velho que deveria ser escoltado.

Sentado sobre um casco de tartaruga e com um cachimbo fino, ele encarava o rapaz que chegava com certa ousadia no dizer. Abraçava um cajado de madeira e tão logo levantou-se, colocando o casco em suas costas. O velho deu uma bela tragada, quase como em um combo respondendo à arrogância com o silêncio sábio.

— Me chamo Kame.
O senhor deu as costas.
— Para você, mestre Kame.
Seus passos o levaram portão a fora.
— Vamos indo, Ryoji.

Considerações:

A noite se aproximava sorrateira como uma cobra atrás da presa, sem pressa alguma. Minuto após minuto, aguardava o momento de assumir os céus e trazer a escuridão junto aos seus perigos. A imensidão azul se rendia ao breu, cada passo adiante no deserto era como estar mergulhando num mar profundo sem saber o que estava a frente ou aguardava. Os dois iam se afastando da Areia, suas pegadas o vento desmanchava, somente eles podiam saber o quanto caminharam.  

O velho tirou o casco das costas, soltou o no chão e sentou-se sobre ele. Mesmo com o escurecer, manteve os óculos cobrindo seus
olhos. Mirava o rapaz sem dizer uma palavra, apenas mantinha-se sentado com o cajado entre as pernas e o cachimbo na boca. Tragou, deixou o fumo invadir os pulmões e soprou calmamente.

— Não vejo problemas em dormir aqui.
Seus olhar voltou-se para o céu estrelado, admirando.
— O céu não está para chuva e está lindo, não acha, pirralho?

A lua cheia parecia maior que o normal naquele lugar. Garbosa, ela assumia os holofotes no meio de tantas estrelas que brilhavam em sua volta como se a contemplassem; uma rainha no meio de uma multidão. Podiam avistar ao longe o início do verde, mas os grãos de areia eram mais receptivos, eram terras conhecidas. O velho Kame tragava seu cachimbo e soprava novamente, sem desviar o olhar daquele espetáculo.

Considerações:

A chegada na terra natal do velho era quase como um prêmio para a paciência de ambos. Muito parecidos um com o outros; eis o grande "x" da questão. Dois sujeitos arrogantes e de pulmões sujos, personalidades fortes que se diferiam pela idade. Para Kame, seu guarda-costas era como uma versão de si há muitos anos atrás. Andavam pelo vilarejo espalhando fumaça e o cheiro de tabaco queimado por onde passavam. Os olhos do velho aflitos por baixo das lentes escuras; a pouca movimentação de tudo por lá preocupavam-no: ele sabia o porquê, mas não deixava transparecer ao rapaz.

Andou até sua casa, destrancou a porta e a abriu. Entraram e trancou a porta com uma pitada de aflição o tomando. O modesto casebre era até aconchegante, receptivo. Levou o casco até um quarto bastante claro, amplo e sem absolutamente nada além de uma quantidade surreal de borboletas. Abriu o casco e tirou de lá cerca de quinze potes de vidro, cada um com três pequenos insetos dos que tinha uma admiração curiosa. Cada um tinha um par de asas colorido de forma diferente, nunca uma cor só predominava.

— Agora vocês estão seguras, minhas pequenas.

Solitário, naquela casa que tinha um cheiro de tabaco por motivos óbvios, as únicas companhias do careca eram as borboletas. Elas pareciam ser as únicas coisa com a qual ele se importava, as únicas coisas que faziam o resto de sua vida ter sentido. Retirou-se do espaço delas com o casco junto a si, não mais acoplado em suas costas. Andou sem dizer uma palavra e deixou o cajado encostado num sofá que havia na sala e o cachimbo sobre uma espécie de cinzeiro sobre a mesinha logo a frente.

— Pirralho, obrigado por me trazer até aqui.
Nenhuma arrogância ou soberba acompanhava os dizeres.
— Agora é minha vez de te escoltar para fora deste lugar esquecido por Deus.

Considerações: