[MKT] Bitch sit down!

As colinas custavam caros para as minhas costas, por isso só caminhava. Corria de certo, mas por um período curto. Curtia a brisa e a paisagem; passava pela floresta rochosa de pilares rígidos e disformes analisando a paisagem. Parecia um ambiente ideal para o seu estilo refinado de combate; estratégias afloravam em sua mente. Lá não tinham flores, fauna fraca e a terra era falha para cultivos. Um verdadeiro deserto de pedras. Estava cansado de paz e prosperidade; tinha andado sem rumo até chegar ali. Tomou uma pílula e decidiu agir.

O sobretudo esvoaçava ao redor dos seus calcanhares pálidos, dando enfase ao seu torso esguio. Sinto a marca negra arder em minha pele, até então fria como mármore. Reclamava para si; as dores na região onde foi amaldiçoado cresciam a cada dia para cobrar os seus pecados. E como pecava. Então que arda por mais um. Deixou que um projétil acentuado ao papel ornamentado e encantado peculiarmente por runas detonadoras escorressem até sua palma, segurando firmemente. Vislumbrava a aldeia. Eram as construções mais bizarras que já tinha visto. Nada agradável.

Brandiu o braço direito, um movimento circular, rápido e preciso onde a arma que tinha em punhos escapou em sua intenção. Iria parar em um daqueles edifícios, sem dúvida. Abriu os dois braços e escorregou para o interior de um rochedo onde se recostava. Detonaria o selo antes de imergir. Estava se preparando para a melhor parte do espetáculo.

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Uma voz se aguçou em meio aos gritos que se sucederam. Sucesso. Suprimi. A supremacia do caos. Não pude distinguir, ainda indistinguível das pedras em que me camuflava, emergi com as mãos juntas. Mal saí completamente da parte de trás do rochedo onde me alinhei e alistei os meus joelhos no fronte: fizeram o papel deles, saltei e quando calcanhares deixaram o chão concluí que flutuava, aproveitando do impulso para ganhar altitude.

Girava meu torso, aproveitando a estrutura leve e minhas madeixas negras ao vento. Virei passarinho. Sorria. Senti o toque caloroso do meu mestre sobre meu ombro esquerdo, tão afetivo e acolhedor que mal pude conter minhas lágrimas. Era ensandecedor pensar que ele ainda aparecia para mim depois de tanto tempo, enquanto eu girava e ia mais alto, talvez para o encontrar no paraíso... Os dedos longos e finos, olhando sobre o ombro notei seu sorriso estampado no semblante familiar e tranquilo, com certeza o meu segundo pai. Pudera também, me criara desde menino. Foi revigorante quando me olhou com confiança e pude ler nos seus lábios a frase "acabe com eles, filho".

A aparição repentina foi interrompida por algum desafeto do universo, então recobrei a serenidade. Ouvi o mesmo timbre, num ambiente mais calmo, pude notar as suas palavras em desafio. Concluiria, em meio a manobras no ar oscilando e descrevendo o símbolo do infinito, ele tinha evacuado e ficado para lutar ou apenas vinha para a luta. Ele deve ser importante, corajoso ou muito burro. Quem sabe seja as três coisas. Ria comigo mesmo de quem quer que fosse. Tinha olhado de cima, notando o emissor da chacota.

— Eu não sabia que insetos fazem peças de comédia. — Vociferava alternando o tom no meio da frase, no momento que lançaria uma adaga com uma runa explosiva acoplada. O foco era justamente o homem que falava demais. Era aonde a minha intenção se omitia... Aproveitaria do movimento de arremesso para - com o braço ereto - conjurar estacas que o empalariam se o meu plano desse certo.

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Eu alimentava os deuses da morte como cães num quintal. Que saboreassem mais um, então. Esperava que aproveitassem o gosto insosso da alma fraca que os enviei. Viu, pai? Essa é a prova que eu sou o herdeiro certo para os seus dogmas. Encerrava em prece, olhando para as nuvens e tentando vislumbrar o menor sinal que seja de que era assistido. Alguém como o homem que empalei jamais faria afronta ao cálido assassino em que me transformaram.

Deixei que as forças que me sustentavam nos ares se esvaíssem aos poucos, fazendo-me lentamente com o a capa dançando, adornando minha vitória celestial enquanto eu me projetava no fundo dos pilares de rochas até tocar o chão com as botas de couro. O pigarro e o pesar sobre os ombros vieram simultaneamente, mas escarrei os dois para bem longe. Medos, dores e pesares não passam de fraquezas sendo expelidas pelo coração de um guerreiro.

Andei adiante, era dono das terras até o céu, vislumbrava o terreno com firmeza e de braços abertos pude receber o abraço de boas-vindas das correntes de ar assobiando pelo labirinto de terra maciça. Mais um cigarro. O filtro vermelho cobrava caro do meu pulmão, mas não hesitava em nocautear a ansiedade quando ela me subia à cabeça. Os meus receptores nervosos flertavam com a nicotina e se acalmavam num abraço amigável, delirando de prazeres a cada tragada.

— Essa é a minha nova casa, esse é o meu povo. Eu serei o Messias de um país distante pronto para proteger, ensinar e amar. — Dizia. Qualquer outro opositor seria esmagado como um maldito inseto. Sobrevoando por tudo encontrei um chapéu com os dizeres do líder. Peguei para mim, sem deixar de flutuar. Estava totalmente atento aos arredores, olhando para trás sempre. Coloquei na cabeça e entrei voando ainda mais alto.

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