[Rank C] Ruukasu - Para as Montanhas

Citação :

Para as Montanhas
Descrição: Você deve treinar um genin que ainda não descobriu sua aptidão, ajude-o e guie o jovem.

O DEVER CHAMA
primeira página

Cinza. Assim estava o céu naquela manhã. Tão pacata quanto todas as outras, mas com brisas gélidas mais comuns do que a Folha está acostumada. O pequeno Uchiha olhava a escuridão do céu matutino pelo vidro da janela, sentado à mesa da cozinha na companhia de um copo de suco gelado em sua mão e a jarra no centro do móvel.

　　O semblante parecia vazio.
　　O olhar não entregava seu coração.
　　Nostalgia.
　　Tempestade.

　　O som dos passos de um terceiro alguém invadia, perturbando o momento em que o garoto e as nuvens se namoravam.
　　── Está um belo dia, não acha?
　　A voz doce de sua avó o fez correr o olhar em sua direção. Viu ela se aproximar com seu costumeiro kimono branco e sua incomum aparência que não denuncia a velhice. Ele recebeu sua presença com um sorriso sincero — e este também respondia a pergunta.
　　── Bom dia, vovó.
　　── Eu me sentia exatamente como você quando fazia sol em Arashi. ── ela contava, mirando o neto com aqueles olhos que pareciam sorrir.
　　── É uma sensação estranha, é boa e ruim ao mesmo tempo.
　　Ele deu mais uma golada no suco e focou seu olhar no vazio, em nada específico. Sua mente não processava bem o que o coração sentia, era confuso como suas palavras deixaram claro. Nada, no entanto, que qualquer um que o visse pudesse dizer.
　　── Eu sei bem como é... ── ela caminhou até a pia e apanhou um copo ── Ah! Eu já ia me esquecendo. Deixaram uma coisa para você agora a pouco, coloquei ao lado das suas sandálias ali na entrada.
　　Ela serviu-se de um pouco de suco, sentou-se e olhou para o menino com aquele olhar.
　　── Parece importante...
　　Aquele sorriso.
　　O que será que essa velha me arrumou dessa vez?
　　O garoto suspirou, terminou sua bebida e se levantou.
　　── É melhor eu pegar meu hitaiate, não é?
　　── Com certeza.
　　Ele se levantou, caminhou primeiro até seu quarto e pegou seu protetor de testa e, por fim, foi até a porta. Sentou-se no pequeno degrau de madeira para calçar as sandálias e finalmente apanhou a “coisa” que sua avó falava: um pergaminho com a letra “C” por todo seu corpo. Desenrolou; passou o olho no conteúdo e nos detalhes da tarefa.
　　── Essa tarefa era realmente para mim? ── a pergunta era retórica, a fazia enquanto amarrava a bandana em sua testa.
　　── Ora, querido, eu já estou aposentada faz tempo!
　　O neto se levantou e correu a porta para abri-la. Nem mais uma palavra foi trocada; a avó sabia que ele ia e para onde ia. Eis que então ele partiu para o local citado no pergaminho: Terceiro Campo de Treinamento de Konoha.

450/600

BOLSA DE EQUIPAMENTOS (Pequena):

CONSIDERAÇÕES:

Um grupo de pássaros sobrevoava a pouca altura quando o Genin por fim encontrava-se com seu aluno temporário no campo de treinamento. – Você é bastante pontual. Pronunciava, saltando do tronco onde encontrava-se sentado. – Prazer, me chamo Daru. A mão direita estendia-se em sinal de cumprimento, com simpatia em excesso proveniente da animação infantil do pequeno garoto. – E então, como treinaremos? Meu pai quis pagar por um professor pra mim antes de entrar na academia. Você sabe, para ser o primeiro da classe e tal. Os olhos distraíam-se com o voo de uma pequena borboleta de cor violeta que passava entre os dois. Possuía aproximadamente um metro e vinte, o cabelo era longo a ponto de pousar sobre os ombros. Os olhos refletiam um azul intenso e o corpo esguio trajava roupas simples e juvenis.

O ALUNO
segunda página

Seus pés não levaram muito tempo para conduzi-lo ao local em que estaria seu aluno. Mesmo com os céus fechados e ventos mais fortes, algumas aves ousavam se aventurar fora dos ninhos. O vasto verde cobria quase todo o local. Os três tocos posicionados bem ao centro do gramado conseguiam chamar ainda mais atenção do que a porção d'água que se encontrava mais adiante. O cenário era como uma bela pintura, mas ele não estava ali para admirar.
　　Cada passo amassava um tufo de grama enquanto se aproximava. Ao longe, avistou um garoto sentado num dos três tocos de madeira que se sobressaiam. Esguio, cabelos até o ombro, olhos azuis e vestes simples: não se parecia nada com um shinobi.
　　Ruukasu parou.
　　── Você é bastante pontual.
　　O garoto se aproximou.
　　Cara a cara, professor e aluno.
　　Um mais alegre; o outro indiferente.
　　O olhar do Uchiha transbordava uma calmaria que fazia parecer que pouco se importava com a presença do outro menino ali. A análise foi rápida, uma vez que só tinha a aparência para julgar. O outro estendeu a mão em um cumprimento.
　　── Prazer, me chamo Daru.
　　── Me chamo Ruukasu
　　As destras encontram-se num breve aperto.
　　── E então, como treinaremos?
　　O genin notou que a pergunta fora feita com o mínimo de interesse. O aluno — se é que podemos chama-lo assim — parecia mais interessado numa pequena borboleta que flutuava perto deles do que no suposto treinamento.
　　── Meu pai quis pagar por um professor pra mim antes de eu entrar na academia. Você sabe, para ser o primeiro da classe e tal.
　　O jeito avoado entregou o menino.
　　Ruukasu nada disse, virou de costas para o mesmo e andou até um dos troncos. O grande leque do clã destacava-se no preto de sua blusa. Enquanto um parecia estar sendo forçado a ser um ninja, o outro já nasceu um.
　　Num único salto, subiu num dos tocos e sentou-se, agora mirando bem nos olhos daquele rapaz. Sem dizer uma palavra, o negro intenso de suas íris pareciam fuzilar o azul das de Daru com a mais perturbadora calmaria.
　　── Escute bem, ── ele quebrou o silêncio ── me diga por quê você quer ser um ninja.
　　E o treinamento começou, ainda que o aluno não soubesse.

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BOLSA DE EQUIPAMENTOS (Pequena):

A pergunta fora uma surpresa ao garoto. Até o presente momento, sua mente não ocupara-se com nada mais que as extravagâncias que um ninja poderia exibir; técnicas poderosas, fama e dinheiro. – Motivo?! Porque eu quero ser forte e famoso. Respondia de forma sincera, coçando os cabelos ao inclinar sutilmente a cabeça. – E você, por que se tornou um ninja? Apesar da breve curiosidade, a ânsia em seu peito pelo aprendizado de técnicas incríveis e movimentos habilidosos estavam prestes a explodir.

A RESPOSTA
terceira página

── Motivo?! Porque eu quero ser forte e famoso.
　　As palavras de Daru não foram uma grande frustração para o genin. Para o pequeno mestre, o importante era a vontade partir dele. O que a gera não é tão relevante, afinal Daru ainda é uma criança — e das comuns.
　　── E você?
　　── Hm?
　　── Por que se tornou um ninja?
　　O Uchiha calou-se. Permaneceu olhando para aquele garoto com a mesma serenidade, o que em nada parecia perturbá-lo. A resposta para aquela pergunta poderia prolongar a conversa por muito tempo e ainda corria o risco de a mensagem não ser passada da maneira desejada. Sabia, porém, como respondê-la sem delongar-se e nem confundir Daru.
　　── Me tornei um ninja para poder proteger aqueles que amo.
　　Amor; o sentimento mais profundo do homem era o que motivava o pequeno Uchiha. Quiçá, a resposta chocaria o ouvinte, a julgar pelo jeito bastante tranquilo de Ruukasu, beirando a frieza.
　　Ele desceu do tronco e pôs-se à frente de Daru.
　　── Eu vou te treinar por hoje, mas não pense que vai sair daqui sabendo como usar ninjutsus ou coisas do tipo.
　　Eis que a frieza se manifestou em forma de palavras. A verdade fria, melhor dizendo. O genin levou a mão direita até a bolsa de equipamentos, sacou quatro shurikens e estendeu três ao outro pequeno.
　　── O shurikenjutsu é uma das artes que você vai aprender na academia e é a única que você tem a possibilidade de aprender em um dia, ainda também seja pequena.
　　Um brusco movimento do braço direito e a pequena estrela foi arremessada rente ao rosto de Daru, lhe arrancando alguns poucos fios de cabelo e fincando no tronco de uma árvore dez metros adiante de si.
　　── O movimento do punho é fundamental. Sem mencionar fatores externos como a direção do vento, densidade do ar e distância do alvo irão determinar a força e a direção do arremesso se você quiser o sucesso.
　　Sacou as outras seis shurikens que carregava consigo e deixou sobre o tronco em estava sentado. Cruzou os braços e pôs-se a mirar o garoto com alguma soberba agora.
　　── Se você acertar perto da shuriken que atirei na árvore, te mostro uma coisa que você dificilmente verá na academia. Te mostrarei o sharingan.
　　Havia percebido que Daru parecia bastante empolgado com a ideia de ser um ninja, os mistérios que o aguardam podem matá-lo de ansiedade. Contudo, instigar a curiosidade para motivá-lo no treinamento é bastante inteligente — e um pouco cruel.
　　── Boa sorte.

450/600

BOLSA DE EQUIPAMENTOS (Pequena):

CONSIDERAÇÕES:

- Proteger aqueles que ama?! Dizia a si mesmo, olhando para o chão enquanto a mão encontrava-se com o queixo. – Eles estão em perigo? A inocência na pergunta exalava com as palavras. Talvez a profundidade no significado da motivação de Ruukasu fosse grande demais para alguém que recém soubesse nadar. Apesar da falta de compreensão na resposta de seu tutor, continuava o diálogo com o mesmo após a explicação das atividades a serem realizadas naquele dia. – Aaaaaaaah, pensei que a gente aprenderia coisas poderosas. Lamentava-se sem esconder decepção nas palavras. Porém, com os movimentos hábeis do Genin, tivera sua atenção e animação reconquistadas ao observar a destreza com que o rapaz manipulava as armas.

Atentava-se a explicação sobre as trajetórias de uma arma atirada, observando as que segurava em mãos. Ao ouvir o desafio de seu professor, imediatamente a pergunta escapava de seus lábios como um cachorro ao ser solto de uma coleira ha tempos aprisionado. – O que é Sharingan? Apesar da ignorância a respeito do termo, sabia que para ser usado como barganha seria uma técnica ou poder digno de ser observado.

Citação :

Narre o desenvolvimento inicial do treinamento, destacando a dificuldade inicial na manipulação das shurikens.

DESENROLAR
quarta página

── Oque é Sharingan?
　　── É um doujutsu.
　　── O que é um doujutsu?
　　── Você verá.
　　O menino falava sem tentar ser provocativo ou debochado, parecia apenas inocência. Não devia ter uma idade muito diferente de Ruukasu, mas havia um abismo entre os dois e o Uchiha compreendia. Conteve-se para não soar grosso, não disse mais além da resposta curta.
　　Uma brisa gélida lhe acariciou a face e bagunçou um pouco os fios de cabelo. O genin permaneceu como estava, sem tentar tirar as mechas que balançavam suavemente a frente dos olhos. Observou atentamente Daru apanhar a primeira estrela de ferro e se preparar para um arremesso com a mão indo por cima do ombro. Ele nada fez. Deixou que ele arriscasse e o resultado foi como esperado: a arma fincou no chão mais adiante do aluno.
　　── Se arremessar assim, a shuriken vai girar e curvar para baixo, em parábola. Lembre-se do que eu te disse sobre o movimento do punho.
　　── Movimento do punho?
　　── Sim. Seu braço deve se mover para dar mais força ao arremesso, mas é no ato de mover seu punho que está a chave. É o que determina a força e a precisão.
　　── Acho que entendi.
　　── Só tome cuidado, um movimento mal feito e você pode se lesionar.
　　── Certo!
　　O aluno tornou a tentar; e tornou a errar.
　　Errou mais uma, mais duas; mais oito vezes.
　　── Recolha tudo e continue tentando.
　　Algumas no chão, algumas conseguiram força suficiente para fincar no tronco. Daru foi com aquela estranha empolgação que apresentou desde o primeiro instante. Sob os olhares do Uchiha, Daru quase saltitava enquanto recolhia as pequeninas estrelas de ferro. Sob os olhares do Uchiha, ele arremessou mais nove vezes. Mais uma vez, algumas nem sequer alcançaram o tronco. Mais uma vez, o outro menino foi recolher as armas e tentar uma vez mais.
　　Por mais que ele tente, não conseguirá cumprir o que pedi a não ser que tenha sorte...
　　Os esforços do aluno foram o desgastando. Algumas horas se passaram, Daru se sentou suado e ofegante. Ruukasu olhava bem para a árvore. A shuriken que arremessou estava cercada pelas demais; notou o progresso e descruzou os braços. Evitou o encontro dos olhares, fixando-se na árvore. Sacou uma kunai de sua bolsa de equipamentos e a arremessou com um movimento do braço direito. O tilintar da segunda arma atingindo a primeira que lançou era audível; o som, a demonstração da genialidade.
　　── Você já consegue arremessar bem o suficiente para todas as armas conseguirem alcançar o alvo...
　　Sentou-se ao lado do aluno e virou-se para ele.
　　Revelou o rubro em sua íris.
　　Mirou bem dentro do azul.
　　── Como o nome diz, doujutsu é uma técnica ocular. Esse é o sharingan, Kekkei Genkai do clã Uchiha...
　　...ele não deve saber o que é uma Kekkei Genkai...
　　── ...e Kekkei Genkais são técnicas que não podem ser aprendidas, apenas um grupo restrito de pessoas pode usar.
　　O rubro tornou uma vez mais ao negro.
　　── O que achou?
　　Eis que se revelava um lado mais amigável Ruukasu.

450/550

BOLSA DE EQUIPAMENTOS (Pequena):

CONSIDERAÇÕES:

USADOS & ATIVOS:

Os olhos da criança brilhavam com a brusca mudança nas características oculares de Ruukasu, recebendo todas as informações as quais jamais ouvira até o momento. Toda sua inabilidade na manipulação de armas talvez fora compensada na habilidade teórica, não necessitando ouvir uma segunda vez nenhuma das palavras de seu tutor. – Uaaau! Você é mesmo incrível. Os olhos de Daru não deixavam de fitar os de Ruukasu mesmo após a inatividade de seu Doujutsu, mantendo a expressão admirada. – Por que seu poder não pode ser aprendido por todo mundo? A conversa se expandiria até os limites da paciência do Genin, o qual alimentava a curiosidade do pequeno a cada resposta contendo informações não conhecidas.

Citação :

Sua narração é muito boa. Como não há lutas e a necessidade de prolongar é inexistente, encerre a missão no próximo post.

A AULA (TEÓRICA)
última página

Segundos, minutos, horas. O tempo foi se estendendo, o menino foi fazendo perguntas e Ruukasu fazia seu papel em responder. É bem possível que Daru tenha compreendido bem o jeito do Uchiha — ainda que tenham ficado o dia todo juntos conversando, seu tom de voz não mudou. Sua calmaria era seu traço mais destacado, parecia estar despreocupado o tempo inteiro e não pareceu incomodar em nada seu aluno.
　　Céus escuros, uma boa conversa, uma brisa nostálgica.
　　Ruukasu quase podia sentir-se em casa.
　　Carregadas, as nuvens puseram-se a chorar. Pingos finos e constantes de chuva caiam, regando todo o vilarejo. Uma garoa que marcava os fins de tarde da Folha já fazia alguns dias. O genin olhou para os céus e deixou que seu rosto molhasse um pouco, antes de voltar-se para Daru.
　　── Acho que é hora de nós irmos.
　　── Certo, Ruukasu-sensei!
　　Ruukasu arqueou uma das sobrancelhas. Levantou-se calmamente e estendeu a mão para seu companheiro, ajudando-o a se levantar.
　　── Daru...
　　── Sim?
　　── Quando começarem as aulas, dê sempre o seu melhor. Ser ninja é muito mais do que jogar shurikens e usar ninjutsus, é muito mais do que fama e poder.
　　── Tá certo!
　　── Até mais.
　　E o corpo do ninja desapareceu do lugar, rumando de volta para sua casa. A noite estava para cair e um leve desconforto no estomago o fez lembrar que não comia nada desde que saiu de casa. A fome aumentava sua pressa.
　　Espero que a velha tenha feito janta...

450/550

BOLSA DE EQUIPAMENTOS (Pequena):